O mestrado, a tese e as memórias reprimidas

hamarevidas Quase um mês depois, um pequeno update. 
Depois do meu regresso ao mundo dos blogs e de uma série de artigos *orgulhosamente* publicados com alguma frequência, o mês de Agosto no HMEM foi marcado por uma grande ausência.
Essa ausência teve uma justificação muito simples, claro - estive a lutar contra o relógio para terminar a escrita da minha tese de mestrado. Não só isso me deixou sem tempo para planear conteúdo, tirar fotos ou escrever posts, tudo o que queria nos momentos em que não estava agarrada à tese era ficar longe de um computador. Ou deitar-me em posição fetal e amaldiçoar a minha vida.

Ainda agora, consigo sentir uma ligeira repulsa por estar de novo a escrever em frente a um ecrã, ainda que sobre temas pelos quais nutro um especial carinho. 
Para quem não me acompanha desde sempre, vou resumir os últimos dois anos da minha vida nos próximos parágrafos - só para contextualizar o meu actual estado de espírito.

Há exactamente dois anos atrás estava a embarcar numa nova etapa da minha vida depois de terminar uma licenciatura em Bioquímica.
Ignorante sobre o meu futuro e em pânico com a possibilidade de os últimos três anos que tinha passado entre exames e aulas de laboratório não servirem para nada - uma licenciatura nesta área, nas palavras de um professor, permite apenas trabalhar como caixa da hipermercado - escolhi o mestrado que me pareceu mais capaz de me preparar para o mundo real, o mundo longe da segurança e fantochada académica onde a experiência e o conhecimento sobre processo e até mesmo, sobre a sua gestão financeira se sobrepõe ao conhecimento teórico e aprofundado sobre o ciclo de Krebs. 
E para ser honesta, para mim que nunca sonhei com a utopia de poder fazer ciência unicamente em prol do bem da humanidade, sem pensar na necessidade de aplicação directa e com elevados lucros, a filosofia deste mestrado era até, bastante adequada. 
ha mar e mara mestrado
Assim, entrei no mestrado em Biotecnologia para ao fim de pouquíssimas semanas me ver no meio de uma crise de identidade. Se no fim da licenciatura já estava farta de estudar e investir sem obter resultados palpáveis, o mestrado veio adensar esse desespero.
Fui consumida por esse monstro até ao dia em que acordei e percebi que era tarde demais para tomar uma atitude que não envolvesse acabar esta treta - vulgo, mestrado - e seguir com a minha vida. Pronto. Resolvido o dilema.

Só que não, claro. Como não sou dotada de uma enorme calma e força espiritual, não fui capaz de aceitar as minhas circunstâncias - por muito que nada lógico pudesse fazer para as mudar - e parar de bater com a cabeça na parede a cada obstáculo.
Juntando ao maralhal a tese de um ano inteiro, no segundo de mestrado, temos a receita perfeita para um surto psicótico e uma vontade interminável de não mais abandonar a minha cama. 

Daqui para a frente, tudo foi um blur. Sinceramente, acho que o meu cérebro escolheu reprimir todas as memórias deste último ano como faz com as grávidas e com as dores que sentem no parto. 
Assim que acabei a escrita da tese, o alívio quase apagou os meus sentimentos de desespero e arrependimento. Escrever os agradecimentos da tese quase me levou a pôr para trás das costas alguns ódios de estimação. Quase, sim, porque sabendo desta possibilidade fiz questão de manter um registo escrito e detalhado de tudo o que senti ao longo destes dois anos para me relembrar de para onde não queria voltar. Ah não, não me iam enganar desta vez. 
Apesar de tudo e depois de muito suor e noites por dormir, entreguei, dia 10 de Setembro, a primeira versão da minha tese de mestrado.
ha mar e mara depois mestrado
Então e agora? Academicamente, resta-me receber a revisão dessa versão, fazer as últimas correcções e entregar a dissertação final para marcar, o mais rapidamente possível, a sua defesa.
A nível pessoal, a história complica-se. Pela primeira vez na minha vida vou deixar de estudar, de forma propriamente dita, e vou conhecer uma nova realidade com desafios com os quais nunca lidei. 
Estaria a mentir se dissesse que não estou assustada com o futuro e com o impacte que as minhas escolhas terão na minha vida a curto prazo - estou, e muito - mas o meu entusiasmo para iniciar esta nova fase diz-me que estou no bom caminho. 
No fundo, tenho nas minhas mãos todas as ferramentas para construir o futuro que quero para mim e, ainda que isso tenha tanto de promissor como de aterrorizante, é exactamente aquilo pelo que há 5 anos espero.

E o que era um simples update acabou numa reflexão profunda sobre o meu futuro. Shit escaltes. Na próxima semana estaremos de volta à programação habitual, folks


O que tenho vestido: macacão é da Pull&Bear e os colares foram comprados em feiras. 

6 comentários:

  1. Acredita que o mundo real sucks mas olha que a de estudante não é melhor! Ahah.

    Que tudo corra bem na defesa da tua tese!

    JU VIBES | @itsjuvibes ❤

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    1. É nisso que me tento focar! Sei que ser estudante tem as suas vantagens e que sentirei saudade, em parte, destes tempos mas não acredito que a vida real seja o inferno que tanta gente preconiza. São ambientes diferentes, com desafios diferentes e glórias diferentes. Se é melhor ou pior, depende da perspectiva. Receber este feedback de alguém que, como tu, já está no mundo real tranquiliza-me!

      Muitos beijinhos e muito obrigada ♥

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  2. Espero que tudo dê certo nessa nova fase de sua vida.
    Beijinhos!

    galerafashion.com

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  3. Respostas
    1. Obrigada pela força, Marta! E fico muito feliz que tenhas gostado! Muitos beijinhos

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Segue em @marapickles