Neste momento, estou no fim do meu mestrado e achei que, partilhar a minha história e o que me trouxe até aqui, poderia ser mais útil do que chorar sobre o leite derramado.
A minha experiência e porque decidi seguir para mestrado
É verdade. Não pensei muito sobre isso e os testemunhos depressivos sobre ex-alunos que escolheram a vida boémia e optaram por ficar pela licenciatura foram suficientes para me afastar dessa hipótese.
No entanto, tudo o que consegui foi evitar uma crise existencial naquele momento, apenas para a adiar por um ano e acabar a lidar com ela a meio da dissertação de mestrado, onde a pouca sanidade mental que resta deve estar focada no design experimental e não em questões do tipo "o que queres ser quando fores grande?".
Posto isto e apesar de a minha experiência ser o pior (ainda que muito comum) exemplo que podes encontrar, sinto-me na posição de te aconselhar nesta fase tão determinante da tua vida de modo a que, no mínimo, não cometas os meus tão estúpidos erros.
Assim, aqui ficam 3 questões sobre as quais se devem debater antes de te atirares de cabeça para a vossa próxima aventura e decideres o que vais fazer depois da faculdade:
1. É isto que queres fazer para o resto da tua vida?
A pergunta da praxe, claro. Obviamente, uma licenciatura não implica que tenhas de ter o mesmo trabalho com exactamente as mesmas funções durante os próximos 50 anos até te reformares mas convém, no mínimo, saberes que é na área que estudaste que queres realmente estar a trabalhar - independentemente da tarefa que escolhas desempenhar no futuro.
Na altura de escolher, deve ser claro para ti qual é a área específica sobre a qual queres aprender diariamente ao longo da tua vida, que temas queres que ocupem a tua mente 24/7 e qual a categoria dos desafios com que te queres deparar.
Se a área em que mais te revês for, efectivamente, a da tua licenciatura, óptimo! Estás no caminho certo.
Caso contrário, não há nada a temer. Uma licenciatura não define a vida de ninguém e mais ainda, pode auxiliar a que o teu currículo se destaque no meio de candidatos de formação básica idêntica. O fim da licenciatura é, assim, a altura perfeita para mudares o rumo e investires na formação que mais achares adequada.
2. O mestrado é o caminho lógico a seguir?
Nem todas as profissões/carreiras/áreas requerem um mestrado e é importante perceber se, no teu caso, 2 anos passados entre exames e dissertações vão contribuir com mais do que algumas primeiras passagens pelo verdadeiro mundo do trabalho.
Uma breve pesquisa sobre as indústrias nas quais te imaginas a trabalhar - no LinkedIn, por exemplo, vai-te permitir perceber que tipo de formação académica têm as pessoas que ocupam uma posição que gostarias de ocupar.
Os perfis das empresas disponibilizam ofertas de emprego onde indicam a função e formação preferencial do candidato pelo que te permite ter uma ideia dos requisitos que poderão vir a ser relevantes no teu currículo.
Mais ainda, é importante ter em conta que o mestrado, tal como a licenciatura, tem propinas e pensar se será uma boa utilização de recursos financeiros.
3. Estás mentalmente capaz de decidir?
Por fim, heis a última grande questão - será que estás no mindset e no timing correctos para decidir?
Acabaste de passar pelos 3 anos de maior provação escolar da tua vida, estiveste à beira de 27 esgotamentos nervosos e conseguiste fazer, várias vezes, em 24h tanto como normalmente fazes em 24 dias. Admite - neste momento, o teu cérebro está tão empapado que decidir o que queres almoçar é tarefa para mais de meia hora de reflexão.
Hoje em dia, parar um ano, fazer um gap year e explorar outras vertentes não é visto como uma desvantagem. Claro que se continua a querer young blood no mercado mas alguma experiência extracurricular é cada vez mais valorizada já que mostra que, não só tiveste tempo para te dedicar aos exames, como para alimentar todas as tuas outras paixões.
No fim de contas, tudo se resume à tua experiência pessoal e perspectivas de futuro e nada melhor do que explorar a fundo as possibilidades para tentar determinar, com o melhor conhecimento de causa, qual o passo indicado a dar. E se correr mal, correu! Nenhuma experiência de vida é tempo perdido e os erros são os melhores professores.
Porque sei que costumam ter muitas perguntas sobre o meu percurso e porque percebo que talvez não queiram deixar questões não-anónimas, aqui fica um sítio (link) onde me podem perguntar o que quiserem e em anonimato.
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