As minhas obsessões e os dois tops iguais mas de cor diferente

Sabem aquelas pessoas que quando encontram a peça perfeita, a compram em todas as cores? Eu sou uma delas.

Se há uma loja onde gosto particularmente de comprar roupa é na Mango e por várias razões. 

Primeiro, parece-me que a Mango se abstém de despejar novas micro-coleções nas lojas a cada 27 horas. Ainda que não deixe de ser uma loja de fast fashion, a minha consciência ambiental agradece.

Depois, gosto da Mango porque as coleções não se restringem às tendências em “vigor”. Enquanto que, noutras lojas, me sinto bombardeada pelo xadrez que de repente ficou na moda ou pelos chunky sneakers dos quais nem gostava mas que vi tantas vezes que acabei por aceitar (quem nunca), na Mango sinto que compro o que eu gosto e não o que alguém me obrigou a gostar - e que, possivelmente, irei odiar daqui a 2 meses.

Por fim, porque tem uma excelente loja outlet da qual não consigo sair sem um saco cheio.

E foi numa dessas lojas que fiz os meus mais recentes estragos de fashionista. Fui à procura (aliás, a minha mãe foi) de um outfit para levar a um baptizado e saí de lá com um vestido, uma saia, dois tops (um deles, o da foto), uma camisola e umas sandálias. Podia ter sido pior. Não fossem os dois tops que trouxe iguais mas de cor diferente. Por esta altura, já devem saber que, como assumida overthinker, o meu passatempo preferido é encontrar significado em acontecimentos banais e a compra de dois tops iguais mas de cor diferente não poderia passar sem reflexão.

O meu cérebro funciona em dois modos: completamente obcecado e desinteressado. Não vou querer os louros da citação que desavergonhadamente retirei de uma imagem tumblr muito conhecida mas a verdade é que podia ter sido eu a sua autora. Desde que me conheço que é esse o meu modus operandi. A única forma que conheço para gostar de algo é louca e descontroladamente... durante um tempo finito e normalmente curto.
É por o meu cérebro funcionar assim que janto todos os dias a mesma receita de salada de atum que experimentei uma vez e decidi repetir, diariamente, ao longo de 3 semanas. Também é por isso que oiço única e exclusivamente Arctic Monkeys durante 24 dias consecutivos até me obrigar a entrar num celibato forçado de Alex Turner, tal não é o meu medo de enlouquecer. E por fim, é por isso que compro dois tops iguais mas de cor diferente. Porque fico tão loucamente apaixonada pela peça que necessito de absorver todas as suas variações existentes na face da terra.

Top e calções da Mango, sandálias da Birkenstock via Showroomprive Pode parecer uma vida entusiasmante mas o encanto acaba quando tudo o que fica depois da paixão é a indiferença. Não passo simplesmente a "gostar" daquilo com que estive a obcecar durante meses. Também não sou consumida pelo ódio e repulsa depois da minha obsessão. É como se aquilo que tanto me emocionou nunca tivesse existido (até, depois da ressaca, voltar a ouvir Arctic Monkeys e re-obcecar por um novo e curto período de tempo). As consequências desta dicotomia incluem ter inúmeros hobbies nos quais sou relativamente boa mas nada de especial, uma lista infindável e mal explorada de interesses e nenhuma verdadeira paixão na vida, culminando em frequentes crises existenciais. Um deleite, portanto.  Há quem diga que ainda não encontrei a minha paixão. Outros, que serei sempre assim e que o melhor é aproveitar a intensidade dos meus gostos efémeros. Eu ainda não me decidi mas acredito que haja magia em ambos os modos de viver. Que tipo são vocês? Com uma paixão à qual dão tudo ou são maria-vai-com-as-outras das paixões assolapadas?