3 razões pelas quais odiei o Bullet Journal... e como acabei a adorá-lo

bullet journal para universidade
De odiar o Bullet Journal a não passar um dia sem ele, eis os meus 5 cêntimos em relação a este sistema.
Não sei há quantos anos conheço o Bullet Journal, BuJo - o que seja - mas há muito que as páginas artísticas deste sistema fazem as delícias de feeds de instagram e pinterest boards (julguem-me, não sei como se diz em português).

Sinceramente, não acredito que seja necessário explicar o conceito mas aqui vai - o Bullet Journal, criado pelo deus da organização Ryder Carroll, é um método de organização para a produtividade. 
Ao contrário da sua prima agenda, o BuJo é uma plataforma flexível e livre. Sem limites definidos, sem caixinhas para assuntos específicos, sem linearidade cronológica obrigatória e sem todas as outras predefinições que assustam quem precisa, ocasionalmente, de se organizar mas não se quer comprometer eternamente com a vida de checkslists e calendários.
Parece um maralhal mas surpreendentemente, o BuJo permite organizar a vida de forma mais consciente e adequada à pessoa que o usa. Como? Perguntem ao Ryder.

Eu, ingénua e maravilhada por estas promessas, tentei aderir ao sistema do Bullet Journal há mais de dois anos, no meu último ano de licenciatura. Na altura precisava de um método de organização físico uma vez que a ausência material do Google Calendar permitia que ignorasse facilmente as minhas responsabilidades. Não querendo investir numa agenda a meio do ano, virei-me para o Bullet Journal… Durante 3 semanas. Odiei-o com todas as minhas forças e enfiei-o no fundo de uma gaveta. 
Quase 3 anos depois e a meio da escrita da minha tese de mestrado, foi no BuJo que encontrei resposta para as minhas variadas preces organizacionais.

Porque odiei o BuJo
1. Pelas páginas artísticas. Por muito bonito que fique ter a página do mês toda enfeitada de palmeirinhas e florzinhas e -inhas, dá uma trabalheira descomunal que se revela inútil. Mas parece que é necessário. Que não és digno de usar o BuJo se não tiveres banners a ornamentar o título da página. Afinal, como é que pensas fotografar o teu Bullet Journal se tudo o que ele contém são notas, eventos e tarefas relevantes para a tua vida?

2. Porque tenho de fazer tudo. Um novo mês está prestes a começar? Toca a escrever o calendário. Tarefas para amanhã? Há que desenhar todo um daily log para as introduzir. Quero escrever uma lista de compras? Primeiro é preciso criar uma coleção, paginar todo o caderno, peregrinar até Santiago de Compostela e por fim, adicioná-la ao índice.

3. Consome tempo sem instant gratification. Começar uma nova página envolve todo um monumental planeamento. Layout horizontal ou vertical? E vou dividir o tópico em dois ou três subtópicos? Deixo espaço para notas? Ou preciso de um calendário para me ajudar a planear este projecto? O meu cérebro começa a derreter antes mesmo de começar a escrever as tarefas que realmente importam.

Parecia um caso perdido mas uns anos depois, reencontrei a luz.
pros e contras do bullet journal
Na foto, o caderno que uso como BuJo e o perfume .

Porque voltei a adorar o BuJo
1. As páginas artísticas são opcionais. O principal objectivo do BuJo não é, nem nunca foi, ser um diário gráfico. Nada contra quem faz dele uma plataforma para demonstração das suas capacidades artísticas mas a verdade é que um Bullet Journal pode ser construído utilizando apenas um caderno e uma caneta preta. Se a falta de cor ou bonecada não é um problema, nada obriga a que esta agenda seja mais do que uma coleção feia e monocromática dos nossos registos diários. Se ainda assim, não somos capazes de carregar um mono feio connosco, podemos encontrar imensos exemplos de BuJo minimalistas no pinterest.

2. Ter de fazer tudo faz com que seja altamente customizável às minhas necessidades. As folhas em branco permitem que eu decida o espaço que quero dedicar a um determinado assunto ou a forma como divido esse espaço para acomodar as suas sub-tarefas. Não estou restringida por layouts ou limites para a escrita que possam influenciar, inconscientemente, o detalhe com que abordo esse mesmo assunto.

3. O tempo que consome faz com que escreva e planeie de forma mais consciente. As notas que quero registar não podem ser simplesmente atiradas, de forma aleatória, para uma página e infelizmente, criar uma nova coleção envole um gasto de tempo e neurónios no seu planeamento. Isto adiciona uma outra dimensão a este método de organização - o mindfulness. Ao desenhar uma nova página, vejo-me obrigada a priorizar e avaliar a importância de cada coisa que quero escrever para determinar o espaço que lhe vou dedicar ou a forma como irei abordar cada assunto. Tenho de considerar todas as variáveis e assuntos relacionados que, com uma agenda, poderia facilmente ignorar.

Mas se as razões são as mesmas, o que mudou?
Analizando bem isto, as razões pelas quais odiei o BuJo são exactamente as mesmas que me fizeram re-apaixonar por este sistema. O que mudou foi a perspectiva. Como acontece com qualquer relação, existe um timing adequado para trazer o Bullet Journal para a nossa vida. Diferentes circunstâncias, necessidades e mindsets irão influenciar radicalmente a forma como vemos os prós e contras deste sistema - aliás, de tudo o que nos rodeia. Se, para mim, as páginas em branco eram um contra há uns anos atrás, hoje são o ponto forte do BuJo.

O Bullet Journal é para toda a gente?
O BuJo pode funcionar com toda a gente mas - lá está - não em todos os momentos da sua vida. Para que o Bullet Journal funcione é preciso que a pessoa esteja aberta a investir sem retorno imediato, que não consiga lidar com as restrições das agendas e que tenha um pouco de tempo e paciência nas mãos para pôr em prática um sistema com uma learning curve ligeiramente acentuada. Paciência - eu diria - é a palavra chave para quem se quer virar para o BuJo.

As minhas dicas para melhorar a experiência com o BuJo
Não tem de ser perfeito. Pessoalmente, não gosto de perder tempo com mariquices. Aceitar que a minha agenda pode ser feia, rabiscada e monocromática foi um passo importante da minha conversão ao BuJo.
Os pontinhos são essenciais. A primeira vez experimentei com um caderno liso. A segunda também. Como fiquei convertida, decidi investir num daqueles cadernos pontilhados e que diferença fez! Esta grid faz com que seja muito mais fácil manter a escrita e layouts direitos, sem dominar demasiado o aspecto da página (como acontece com os cadernos quadriculados).
Menos é mais. Pensar logo em criar um habit tracker, uma página para controlar as despesas mensais e um plano de refeições é demasiado ambicioso. Eu recomendaria começar pelo básico - o monthly e os daily logs. As restantes páginas surgirão de acordo com as verdadeiras necessidades.
Não existem regras. Ok, talvez uma ou duas mas no geral, o Bullet Journal tem lugar para tudo. As páginas estão em branco para que lhes possa ser dado o destino que cada um bem entender. As listas podem ser sobre tudo, organizadas em quadros ou dispersas pela página, em ordem cronológica ou espalhadas pelo caderno - mas referenciadas no índice, para que não seja uma rebaldaria. A magia do BuJo está aí - funciona para pessoas com todas as ocupações ou nenhuma, para artistas ou minimalistas. Funciona para os que não vivem sem agendas e horários definidos ou para os que baseiam a sua organização num monte de post-its espalhados pela secretária.
Porque odiei bullet journal
Podes guardar esta imagem no Pinterest para não perderes estas dicas!

Não foi um amor fácil ou imediato mas depois de pouco mais de um mês de utilização contínuo, não me imagino sem o meu BuJo.
Já experimentaram este sistema? Que método de organização usam religiosamente? 

18 comentários:

  1. Acho que ia ter muitos problemas a fazer um bullet journal. Nunca aponto nada em agendas, sou muito de "eu vou lembrar-me disto". Tenho noção de que acabo por me cansar mais e talvez não seja tão eficiente por não me organizar e por me obrigar a lembrar-me de tudo mas realmente nunca criei o hábito xD
    A Maria Rita blog

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    1. Criar o hábito é sem dúvida, o mais difícil mas a tua cabeça iria agradecer o descanso ahah! Talvez o bullet journal não seja o ideal para ti - demasiado trabalhoso - mas até uns post its seriam milagrosos!

      Muitos beijinhos!

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  2. Depois que comecei a anotar minhas coisas, tudo ficou mais fácil de resolver. Agora, estou desejando um bullet journal, mas acredito que também prefiro uma coisa mais simples mesmo. Tenha um ótimo dia, beijos!

    Blog Paisagem de Janela
    www.paisagemdejanela.com

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    1. Anotar tudo salva mesmo a vida e a memória! Boa sorte com a transição para o Bullet Journal! Muitos beijinhos

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  3. Confesso que nunca aderi a essa tendência mas se calhar até podia a acabar por gostar,eheh

    Sweetie

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    1. É sempre uma incógnita até experimentares mas se funcionar, vale mesmo a pena! Beijinhos!

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  4. Eu sempre amei o bullet journal porque gosto de desenhar e colorir. O problema é me lembrar de abrir e fazer as anotações. kkkkk. Então comecei, parei, comecei de novo...
    Agora estou usando um caderno com pautas, é simples como a ideia inicial do criador do Bujo e está dando certo.
    Bjus!

    galerafashion.com

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    1. Que engraçado, uma perspectiva e um problema completamente oposto! Fico muito feliz que tenha funcionado contigo. Sem dúvida que, para almas mais criativas, um caderno pautado vai ajudar a escrever mais notas do que desenhar ahah muitos beijinhos!

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  5. Fizeste-me reconsiderar! Eu por enquanto vou-me orientando com agenda (dá-me um jeitaço)! Mas adoro a ideia do bullet journal, e no meu caso optaria definitivamente por um aspeto mais minimalista já que o meu jeito para as artes é mínimo e acho que ia acabar por ficar frustrada haha. Sou capaz de aderir. :D
    www.thefancycats.pt

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    1. As agendas são a salvação de qualquer busy gurl! Ahah, percebo perfeitamente! Se algum dia aderires, quero ver o resultado! Muitos beijinhos

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  6. A notar sempre tudo por causa do esquecimento, obrigado pela visita.
    Blog: https://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com/
    Canal:https://www.youtube.com/watch?v=DmO8csZDARM

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    1. Claro! E tudo organizado, para não perder as datas importantes! Beijinhos

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  7. Adorei o post! Queria só deixar o reparo que o autor do sistema BuJo é Ryder Carroll e além das edições especiais com a Leuchtturm 1917 tem agora também um livro muito interessante prestes a ser lançado e uma app super interessante para facilitar a vida a quem não quer andar sempre com o caderno atrás ^-^

    IG: https://www.instagram.com/foreverperfectingmyworld/?hl=pt

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    1. Muito obrigada e obrigada pelo reparo, já está alterado :) Sim, sim, é mesmo isso! Não experimentei ainda a app ou o Leuchtturm dedicado ao BuJo mas tenho imensa curiosidade! Muitos beijinhos

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  8. Já tive bullet journal duas vezes, e desisti em ambas pelas mesmas razões que tu, especialmente pela parte da estética! Frustra-me imenso ver todas aquelas fotos bonitinhas pelo insta e pelo pinterest e o meus rabiscos parecerem gafanhotos xD. Mas quem sabe um dia volte a dar uma chance aos bujos! Já guardei este post no meu album "bullet journal" ahahah

    xx
    Uma Africana

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    1. Eu sabia que não podia ser a única a achar-se uma desgraça por não conseguir ter um bullet journal instagrammable! Espero que, se algum dia voltares a experimentar, valha a pena teres guardado as dicas ahah Muitos beijinhos, Sandra!

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  9. eu confesso que já tentei , tentei e tentei mas nunca consigo ter algo bonito e que me sinta apaixonada .
    Acho que como dizes existe um timming para tudo e qualquer dia encontrar um tempo onde conseguirei me apaixonar e adorar o bujo , mas por enquanto para mim é ir rabiscando e desenhando um ou outro caderno sem regras de manter tudo perfeito ihih :)

    O Olhar da Marina

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    1. Imagino o quão frustrante deva ter sido... Não há nada pior do que utilizar e insistir num método de organização "infeliz" e que nos sugue a alma ahah seja bujo ou não, o que importa é que o teu caderno rabiscado cumpra os seus deveres! Beijinhos!

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Segue em @marapickles