Quarentena Dia 45: Desinstalei o Instagram

Número de vezes hoje que cliquei no local do ecrã onde há uns dias estaria o Instagram: 7
Fí-lo. Finalmente, ganhei coragem e fí-lo. No meio de uma pandemia que afetcta a forma como nos relacionamos com as pessoas, desinstalei a rede social que mais me conectava ao mundo.
Esta atitude pode parecer estranha vinda de alguém que disse neste post que a qualidade do conteúdo no Instagram tinha melhorado desde o início da quarentena. No entanto, disse também que as circuntâncias me têm levado a passar mais tempo por lá que é como quem diz, a desperdiçar mais tempo por lá. Mas a verdade é que não foi apenas a perda de tempo que me levou a tomar esta decisão.

#Throwback
Esta história não é nova. São pelo menos 3 os rascunhos que tenho neste blog sobre o tema "porque deixei o instagram" e ainda que tenha tentado cortar este cordão umbilical virtual pelo menos, tantas vezes como as que escrevi sobre isso, nunca tomei a derradeira decisão de eliminar esta aplicação que tanto peso tem nas nossas vidas e relações. Nem mesmo para uma detox de dias ou semanas.
Por muitas vezes que tenha concluído que o Instagram faz mais mal do que bem à minha saúde mental pelo menos, tantas vezes como as que escrevi sobre isso, o medo do afastamento social que poderia resultar desta atitude impediu-me sempre de finalmente clicar no "Desinstalar".

Estarei a exagerar? Depositar tanta importância numa mera rede social e panicar com o impacte que abandoná-la pode ter na minha vida pode parecer um bocado dramático mas... não será mesmo dramático? Analisemos.

A magia do Instagram
Para mim, o Instagram serve 3 propósitos distintos:
1. Partilha visual
2. Comunicação
3. e o mais embaraçoso e que mais me custa a admitir, validação pessoal.

O primeiro propósito é o mais óbvio. O Instagram é uma plataforma visual onde quantidades astronómicas de fotos e vídeos são partilhadas diariamente e no que toca à partilha destas multimédias, eu vou a todas.
As minhas histórias estão normalmente recheadas de vídeos e fotos crus de onde vou, o que faço ou o que vejo. Ao feed vai parar o mesmo tipo de conteúdo mas apenas quando a qualidade o permite. Antes de serem partilhados, as minhas fotos e vídeos passam por uma espécie de análise de qualidade que determina o seu destino. Começo por perceber se é aceitável partilhar aquele conteúdo com o mundo. É imprório? Põe em risco a privacidade ou segurança de outros? Não? Então, é partilhável.
Sendo partilhável, é feed worthy? Se sim, vai para o feed. Se não, vai para as histórias. Fim de análise
Se mudarmos a pergunta de "o quê" para "porquê" a resposta é também, simples. Partilho conteúdo no instagram para criar uma colecção de memórias - uso-o como se fosse o meu diário visual. Gosto, de tempos a tempos, de perder algum tempo no meu próprio Instagram a revisitar fotos e histórias que partilhei há um ou dois anos e a reviver esses momentos.
Mas porquê fazê-lo numa rede social e não de forma privada, no meu álbum de fotos? Isso leva-nos ao segundo propósitio, a comunicação.

T-shirt KISS e mom jeans Pull& Bear Ténis Vans Óculos de sol Hawkers
Se o propósito do instagram fosse unicamente o de partilhar conteúdo visual não faria sentido ter seguidores ou DMs.
Mais do que partilhar conteúdo visual, o Instagram quer conectar-nos através desse conteúdo - conectar-nos com a visão dos nossos amigos e familiares ou daqueles que nos inspiram.
Não é bom poder estar a par do que os nossos amigos estão a fazer neste momento? Com quem estão ou onde foram? Não é bom poder rapidamente interagir com eles quando nos identificamos com algo que eles acabaram de partilhar? Que da partilha surja um contacto? Claro que é! Até deixar de o ser.

Coleccionar memórias ou atenção?
A forma como o Instagram nos conecta deixa de ser boa quando a partilha deixa de levar ao contacto e a passsa a ser o contacto a levar à partilha.
Por outras palavras, quando o que nos motiva a partilhar uma foto é a resposta que essa partilha poderá gerar.
Talvez não seja a realidade mais fácil de admitir mas não é por acaso que aesthetic photos com a frase "Whose name are you looking for in your insta story views?" se tenham popularizado recentemente. A verdade é que muitos de nós se revéem nessa ideia.
Muitos de nós já partilharam fotos à espera que alguém visse o quão bem estamos. Que alguém reagisse.
Chegamos mesmo a negá-lo enquanto espreitamos vezes sem conta as visualizações daquela história e repetimos o processo até vermos surgir a carinha redonda de alguém. Enquanto esperamos pela DM depois de respirarmos de alívio, agora que encontrámos finalmente a carinha que tanto procurávamos.
É aí que a bless becomes a curse e que o propósito nobre da conexão perde o encanto. O foco muda de nós próprios para os outros. A motivação passa a ser externa e criamos expectativas para esta partilha que assentam nos outros e em resultados que não podemos controlar... e todos sabemos o que acontece quando depositamos expectativas naquilo que não podemos controlar.
Na maioria das vezes, as expectativas não são alcançadas e viram uma fonte de sofrimento. Na maioria das vezes, a tão desejada DM não chega e afinal, aquela partilha foi em vão.

"O problema não és tu, sou eu"
Mas aquela partilha só foi em vão porque aconteceu pelas razões errada. Foi em vão porque insistimos em transformar esta rede social - boa, por sinal - numa plataforma de validação pessoal.
A culpa não é do Instagram mas sim da forma como o utilizamos. Da forma como depositamos nele as nossas inseguranças e a esperança de as vermos validadas através de gostos, comentários e DMs.
Particularizando, o meu problema com o Instagram... sou eu própria. 
Preferia dizer que sabendo isto, sou mentalmente forte o suficiente para me controlar e passar a interagir de forma consciente com esta aplicação. Mas não sou.
Por isso, fiz o que qualquer pessoa deve fazer quando percebe que não sabe lidar de forma saudável com uma situação ou um hábito. Eliminei-o. E vou manter-me longe dele até a nossa convivência voltar a ser pacífica.

Não sei quanto tempo este detox irá durar - uma semana, um mês ou quem sabe, eternamente. Mas sei que só irei voltar quando tiver a certeza que deixei de ver no Instagram o terceiro propósito e possa voltar a utilizá-lo apenas para coleccionar e partilhar as minhas memórias.

E vocês, já sentiram que o Instagram vos prejudica de alguma forma? Como? 

4 comentários:

  1. esta quarentena já pensei nisso tantas vezes.

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    1. Acho que esta quarentena tem ajudado a revelar coisas que num dia-a-dia normal passam despercebidas. Espero que não deixes uma rede social afetar o teu bem-estar num momento como este!

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  2. obrigada pelo comentário <3
    as redes sociais em geral, podem ter impactos positivos e negativos, depende muito do nosso mindset e de quem decidimos acompanhar :)

    www.pinkie-love.com

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    1. Sem dúvida! Especialmente neste momento, as redes sociais são uma benção quando o nosso midnset o permite. Quem decidimos acompanhar é verdadeiramente importante e algo que vou reconsiderar no meu "regresso".

      Obrigada pelo partilha!

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Segue em @marapickles