De Mestre a Estagiária - o meu primeiro emprego

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17 anos de estudos depois, sou uma mulher quase forte e independente.
Quando acabei o Mestrado em Biotecnologia após um ano de trabalho na tese que diga-se de passagem, parecia interminável, partilhei aqui os meus planos para o futuro próximo - resumidamente, arranjar emprego na minha área de formação porque afinal, Biotecnologia era mesmo aquilo de que gostava e por isso não me imaginava a mudar de vida tão cedo.
Mas primeiro, tinha que festejar o fim desta difícil etapa, certo? Certo. Enfeitiçada pela minha grandiosa conquista, passei os primeiros meses a aproveitar a vida como nunca antes tinha feito. Viajei, passeei e descansei como nunca. Pelo meio, fui enviando currículos. Entretanto, meteram-se as festividades - o meu aniversário, seguido do Natal e do Fim de Ano - que camuflaram habilmente a rápida passagem do tempo e disfarçaram a minha falta de produtividade e de novas conquistas. E pelo meio, continuei a enviar currículos.
Sem que eu desse por isso, 2018 chegou ao fim e ao fim chegou, também, a minha descontração. De repente, caí na real e a passagem do tempo tornou-se óbvia e um problema. A partir daí, descansar já não era tão agradável, já não conseguia passear tão despreocupadamente e muito menos, chular os meus pais de consciência tranquila. De um dia para o outro, passei de vida louca a parasita da sociedade (ou pelo menos, foi assim que me senti). Afinal, estava desde Outubro sem fazer absolutamente nada - sem estudar, sem trabalhar e pior do que tudo, sem evoluir. 
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Mas essa realidade não era escolha minha. Raramente os currículos que enviava tinham resposta e raramente ía a entrevistas. Não havia emprego na minha área? Ou não estava a procurar bem? Pelo andar da carruagem, ia ter 30 anos e viver em casa dos meus pais. Sem emprego. Sem uma relação estável. Sem óvulos saudáveis, capazes de gerar descêndia promissora. Ia morrer sozinha e eventualmente, ser comida pelos meus 29 gatos. 
Escusado será dizer que comecei a panicar de forma exagerada mas justificável. Por muito que os meus planos para o futuro tivessem mudado ao longo dos anos, eles nunca incluíram uma sabática forçada. Nunca pensei fazer um gap year e sempre me imaginei a começar um emprego de sonho assim que terminasse o curso porque foi essa a fantasia que me impingiram desde o secundário. Se inicialmente, não ter propostas de emprego era uma desculpa para continuar de férias, essa realidade tornou-se rapidamente razão para preocupação. Cada dia que passava me sentia mais longe do meu futuro de sonho.
Eventualmente e pelo meio do stress e desilusão, tive uma entrevista. Passei. Depois outra. Que também passei. Ao fim de umas semanas, acabei seleccionada para um estágio profissional do IEFP numa empresa onde muitas vezes me imaginei a trabalhar, a fazer o que tantas vezes me imaginei a fazer. Pensava que o meu tormento tinha acabado até me ver obrigada a lidar com toda a burocracia que um estágio do IEFP requer e a cereja no topo do bolo - um agoniante tempo de espera. 
Poderia dizer que esperei pacientemente mas quem me rodeia não concordaria. A espera deixou-me  num estado permanente de ansiedade e irritação que só terminou quando finalmente comecei o estágio - ou seja, a semana passada.
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E parece que tudo teve um final feliz... Só que não. Não quero parecer ingrata porque no fundo, este estágio é uma excelente oportunidade com a qual muitas vezes sonhei durante as aulas teóricas menos interessantes da Licenciatura e até do Mestrado - estou a desempenhar as funções que sempre quis, na área com que sempre sonhei. Só não estou exactamente nas condições que imaginava, if you know what I mean... Porque, vamos ser honestos, os estágios do IEFP não são propriamente conhecidos pela sua extraordinária remuneração...
Finanças à parte, estou extremamente grata por esta primeira oportunidade de emprego. Estou grata pelas pessoas com quem trabalho e que têm feito os impossíveis para garantir que aprendo o máximo possível, pelo horário de trabalho que me permite aproveitar a vida para além do emprego full time e pelos antibióticos eficientes que rapidamente aniquilaram a infecção bacteriana com que iniciei a minha primeira semana de trabalho.
Por entre infecções bacterianas e novos horários, os últimos tempos têm sido de adaptação já com a promessa de que não será impossível manter alguns dos meus hobbies - blog incluído - e a minha vida pessoal fora do emprego. Por isso, me aguardem
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E claro, como uma mulher forte e independente fiz aquilo que qualquer mulher forte e independente deve fazer com o primeiro ordenado - oferecer o jantar aos pais. Na Hamburgueria do Bairro, do Parque das Nações.


E por fim e para ultrapassar esta ansiedade pós-mudanças-drásticas, nada como alimentar hábitos consumistas e adicionar roupa e acessórios de uma loja de fast-fashion como a Dresslily a um carrinho virtual.
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2 comentários:

  1. É sempre complicado iniciar uma nova etapa, mas tenho a certeza que tudo vai correr bem :)

    https://aritateixeira.blogspot.com/

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Segue em @marapickles